sexta-feira, 16 de março de 2012

- Que olhos molhados e que passos cansados são esses menininha?
- Resultado, consequência, abstinência.
- Do que.... De que.... De quem?
- Dele Zé, dele.
- Quanto tempo?
- Ontem completou seis meses. Metade de um ano, vivendo........ pela metade.
- Tanto tempo, tantos momentos. Não seria isso um sinal de que tudo precisa ficar para trás menininha?
- Não Zé, jamais. E se foi, não funcionou. Esses dias longe dele me fizeram querer ele ainda mais, me fizeram guardar nossas memórias em um baú ainda mais precioso.
- O que ele tem que te deixa assim?
- O que ele tem eu não sei, só sei que ninguém mais tem. Talvez o jeito de sorrir desencadeando automaticamente meu sorriso.
- Mas tem tanta coisa que te causa isso também menininha.
- Mas não são tão verdadeiros quanto os que abro por e com ele Zé.
Alguma lembrança a invade, fazendo o olhar ficar distante e sem nem perceber havia sorrido daquele jeito, sem dúvidas lembrou dele. Em alguns segundos volta do transe, mexendo a cabeça como quem quer voltar ao agora depressa.
- Talvez seja o jeito dele, os movimentos que ele faz, o modo como caminha devagar me deixando apreensiva para tê-lo ao meu alcance logo. Ou como passa os dedos compridos delicadamente desde a minha testa até meu queixo, me tirando o chão.
- Menininha, tantas outras mãos, dedos, jeitos de andar, de agir, parecidos e talvez iguais ao dele existem por ai.
- Disso eu tenho certeza. Mas o que ele me provoca com essas características e detalhes dele, eu não encontro em nenhum outro alguém. Encaixa a palma da mão no meu queixo e aperta minha bochechas me fazendo ficar com cara de peixe-bobo, esmaga meu rosto com uma só daquelas mãos gigantes, aperta minha cabeça achando que sou seu brinquedinho... são coisas só dele e que provocam tamanho frio na barriga e brilho nos olhos, Zé.
- Você não esquece de nada mesmo, é incrível.
- Nada. E isso me faz sentir ainda mais a falta dele do meu lado, isso faz meu coração implorar ainda mais pra ter isso tudo de volta. Ele é como tatuagem, impossível de se apagar completamente.
- E quem sabe tatuar outra por cima?
- Não, eu gosto dessa, é minha preferida inclusive.
- Mas não sabes quando ele volta menininha e sabes que viver de lembrança é torturante. Vamos, parta pra outra, melhor recomeçar isso de novo.
- Zé, Zé, Zé, espero por ele por uma eternidade se preciso for. E quando ele chegar o receberei com esse mesmo abraço sufocante e cheio de saudade e com a voz fraca e muitas vezes quase impossível de ouvir, direi no seu ouvido o quanto é bom tê-lo de volta.
- Então o que posso fazer pra ver esse seu olhar secar e para os seus passos voltarem a ser ritmados e rápidos menininha?
- Me ajude de qualquer forma pra que ele volte depressa. Maior que minha saudade, só mesmo minha vontade de provar por mim mesma que depois de seis, sete, oito ou seja lá quanto tempo for que ele continua o mesmo de sempre. Essa é a única solução, Zé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário